quinta-feira, 4 de junho de 2009

ÁLBUM DE FAMÍLIA: UMA HISTÓRIA DE ÉTICA, VERDADE E FICÇÃO, de Wallace Nogueira

por Fabíola Aquino


Salas cheias no Espaço de Cinema Unibanco, com as bênçãos de Glauber Rocha, todos foram bem sucedidos na noite de 02 de junho de 2009. Até o cordão dos descontentes crônicos, ao final se renderam e saíram daquele templo do cinema estampando um sorriso na face. Foi uma grande celebração o lançamento de três dos seis filmes do DOCTV IV e DOCTV BAHIA I. Festa com pipoca e guaraná e muita alegria de poder estar junto àqueles que são parceiros, cúmplices, amigos, admiradores, artistas de nossa terra, e outros que a tomam como sua e colore a nossa Soterópolis com diferentes sotaques.


Os três filmes passaram simultaneamente, sei que é chato ter que fazer uma escolha, mas foi uma conta difícil de fechar essa de agradar a todos, sempre é. Assim, optei por ver em primeiro lugar o documentário “Álbum de Família” de Wallace Nogueira. Uma grata surpresa.


O filme de Wallace é repleto de poesia, um drama familiar verdadeiramente interpretado pelo pai. Um sofrimento transformado em arte, delicado sem ser piegas. Ético nas suas escolhas de honrar a imagem da mãe e de toda a sua família, um trabalho de extrema sensibilidade e que decerto fez seu autor contorcer-se até as entranhas para parir algo tão digno e envolvente. Os 52 minutos de projeção passaram num piscar de olhos, a busca de um álbum de fotografias de um passado glorioso é visto em um road movie fragmentado e instigante.


O cinema feito por esse jovem diretor me faz crer que acertamos ao perseguir a persistência, no jogo continuo de ir além das nossas próprias expectativas e assim construir um discurso efetivo, cheio de inventividade e poética audiovisual. As possibilidades de acertar e errar são iguais em seu principio, mas é revigorante quando vemos que quando um filme sai bem feito ele é além de sua própria obra, ele é também a transformação daqueles que o vêem.


Vida longa ao cinema baiano! Parabéns aos outros cinco diretores, Paula Gomes e Felipe Kowalczuk, que junto com Wallace exibiram respectivamente, “Profissão: Palhaço” e “Champs e os ladrões de cinema” na noite de ontem. Saúdo também, antecipadamente, os demais vencedores dessa edição do DOCTV, Bernard Attal, Mônica Simões e a jovem Sophia Mídian.


Fico por aqui ávida por poder assistir a todos os outros documentários baianos e repetir a noite repleta de um contentamento contagiante, que me fez buscar inspiração para escrever esse texto e prolongá-lo por mais tempo e por mais pessoas interessadas na historia audiovisual que estamos compondo nessa terra.