por Fabíola Aquino
Salas cheias no Espaço de Cinema Unibanco, com as bênçãos de Glauber Rocha, todos foram bem sucedidos na noite de 02 de junho de 2009. Até o cordão dos descontentes crônicos, ao final se renderam e saíram daquele templo do cinema estampando um sorriso na face. Foi uma grande celebração o lançamento de três dos seis filmes do DOCTV IV e DOCTV BAHIA I. Festa com pipoca e guaraná e muita alegria de poder estar junto àqueles que são parceiros, cúmplices, amigos, admiradores, artistas de nossa terra, e outros que a tomam como sua e colore a nossa Soterópolis com diferentes sotaques.
Os três filmes passaram simultaneamente, sei que é chato ter que fazer uma escolha, mas foi uma conta difícil de fechar essa de agradar a todos, sempre é. Assim, optei por ver em primeiro lugar o documentário “Álbum de Família” de Wallace Nogueira. Uma grata surpresa.
O filme de Wallace é repleto de poesia, um drama familiar verdadeiramente interpretado pelo pai. Um sofrimento transformado em arte, delicado sem ser piegas. Ético nas suas escolhas de honrar a imagem da mãe e de toda a sua família, um trabalho de extrema sensibilidade e que decerto fez seu autor contorcer-se até as entranhas para parir algo tão digno e envolvente. Os 52 minutos de projeção passaram num piscar de olhos, a busca de um álbum de fotografias de um passado glorioso é visto em um road movie fragmentado e instigante.
O cinema feito por esse jovem diretor me faz crer que acertamos ao perseguir a persistência, no jogo continuo de ir além das nossas próprias expectativas e assim construir um discurso efetivo, cheio de inventividade e poética audiovisual. As possibilidades de acertar e errar são iguais em seu principio, mas é revigorante quando vemos que quando um filme sai bem feito ele é além de sua própria obra, ele é também a transformação daqueles que o vêem.
Vida longa ao cinema baiano! Parabéns aos outros cinco diretores, Paula Gomes e Felipe Kowalczuk, que junto com Wallace exibiram respectivamente, “Profissão: Palhaço” e “Champs e os ladrões de cinema” na noite de ontem. Saúdo também, antecipadamente, os demais vencedores dessa edição do DOCTV, Bernard Attal, Mônica Simões e a jovem Sophia Mídian.
Fico por aqui ávida por poder assistir a todos os outros documentários baianos e repetir a noite repleta de um contentamento contagiante, que me fez buscar inspiração para escrever esse texto e prolongá-lo por mais tempo e por mais pessoas interessadas na historia audiovisual que estamos compondo nessa terra.